Fonte Morasha Israel
www.morasha.com
OS MANUSCRITOS DO MAR MORTO
A doutrina que João pregou no deserto já era conhecida dois séculos antes. Alguns judeus particularmente piedosos (os Hassidim) admitiam estar próximo o fim do mundo, por acreditarem no que dizia o livro dos Macabeus (I. Mac. 1,2).
Os judeus tiveram sempre pouca sorte com os estrangeiros. Depois do exílio da Babilónia vieram os Persas. Alexandre venceu-os em 333 a. C. e repartiu o Império. Duzentos anos antes da era cristã os Sírios conquistaram o poder na Judeia.
Os Hassidim protestaram contra a impiedade do seu tempo. Perseguidos, abandonaram as aldeias e refugiaram-se no deserto, entre Jerusalém e o Mar Morto, num local chamado Qumram. São os antepassados dos Essénios. Alguns desses Essénios separaram-se do movimento, cheios de cepticismo. E deram origem à seita dos Fariseus.
Várias foram as descobertas arqueológicas que proporcionaram o melhor entendimento das Escrituras Sagradas. Os manuscritos mais antigos que existem de trechos do Antigo Testamento datam de 850 d.C. Existem partes menores bem mais antigas como o Papiro Nash do segundo século da era cristã. Mas sem dúvida a maior descoberta ocorreu em 1947, quando um pastor beduíno, que buscava uma cabra perdida de seu rebanho, encontrou por acaso os Manuscritos do Mar Morto, na região de Jericó.
Durante nove anos vários documentos foram encontrados nas cavernas de Qumran, no Mar Morto, constituindo-se nos mais antigos fragmentos da Bíblia hebraica que se têm notícias. Escondidos ali pela tribo judaica dos essênios no Século I, nos 800 pergaminhos, escritos entre 250 a.C. a 100 d.C., aparecem comentários teológicos e descrições da vida religiosa deste povo, revelando aspectos até então considerados exclusivos do Cristianismo.
Estes documentos tiveram grande impacto na visão da Bíblia, pois fornecem espantosa confirmação da fidelidade dos textos massoréticos aos originais. O estudo da cerâmica dos jarros e a datação por carbono 14 estabelecem que os documentos foram produzidos entre 168 a.C. e 233 d.C.
Destaca-se, entre estes documentos, uma cópia quase completa do livro de Isaías, feita cerca de 100 a.C. Especialistas compararam o texto dessa cópia com o texto-padrão do Antigo Testamento hebraico (o manuscrito chamado Codex Leningradense, de 1008 d.C.) e descobriram que as diferenças entre ambos eram mínimas.
Outros manuscritos também foram encontrados neste mesmo local, como fragmentos do livro de Salmos, de um texto do profeta Samuel, textos de profetas menores, parte do livro de Levítico e um targum (paráfrase) de Jó.
O estudo comparado dos manuscritos do Mar Morto, como ficaram conhecidas as produções literárias dos Essénios, e do Novo Testamento, estabelece a existência, não de simples coincidência, mas de uma evidente dependência directa deste, no que toca às palavras, às ideias e às próprias doutrinas.
Estes manuscritos, descobertos entre 1947 e 1956 foram, na sua maioria, escritos antes da era cristã e guardados em rolos, dentro de vasilhas de barro. Só alguns foram redigidos depois da morte de Jesus. São a relíquia religiosa mais importante depois de se ter provado que o "Santo Sudário", supostamente a mortalha do corpo de Jesus, tinha sido tecido 1300 anos depois da sua morte.
A maior parte dos manuscritos do Mar Morto foram escritos com tinta sobre pele de carneiro. Geza Vermes, um estudioso bíblico da Universidade inglesa de Oxford, considera ser "Um escândalo académico que aproximadamente 300 rolos, dos cerca de 1000 que foram descobertos, ainda não tenham sido revelados".
Muitos destes manuscritos estão guardados em diversas universidades, em Israel, Estados Unidos, França e Inglaterra.
A língua usada nos manuscritos é o aramaico, uma língua morta. No trabalho de tradução recorre-se ao computador, que dispensa o manuseio (e a consequente deterioração) das peças originais. As dificuldades são muitas. Para se formar um rolo é preciso juntar-se grande número de fragmentos, porque as "folhas" originais estão ressequidas e partidas.
A crescente ansiedade dos estudiosos bíblico relaciona-se com a desejada prova da ligação de Jesus à Ordem dos Essênios, particularmente depois dos 13 anos, a identificação histórica de Jesus e a confirmação da dependência do Novo Testamento desses manuscritos. A sua divulgação tem sido dificultada por razões não exclusivamente técnicas.
O ano originalmente combinado para a divulgação do conteúdo dos manuscritos era 1970. Depois, os israelitas prometeram a sua publicação para 1997. As justificações para esta demora são essencialmente três:
a) Conteúdo espetacular para a fé judaico-cristã, abalando eventualmente as estruturas hierárquicas religiosas. O escritor americano Edmund Wilson fundamentava esta hipótese referindo a conhecida tentativa de minimizar a importância dos manuscritos.
b) Interesse das várias universidades (israelitas, francesas, americanas e inglesas) em monopolizar o estudo destes documentos.
c) Dificuldades financeiras.
Os manuscritos foram encontrados dentro de jarros como o que vemos na foto abaixo:
Os judeus tiveram sempre pouca sorte com os estrangeiros. Depois do exílio da Babilónia vieram os Persas. Alexandre venceu-os em 333 a. C. e repartiu o Império. Duzentos anos antes da era cristã os Sírios conquistaram o poder na Judeia.
Os Hassidim protestaram contra a impiedade do seu tempo. Perseguidos, abandonaram as aldeias e refugiaram-se no deserto, entre Jerusalém e o Mar Morto, num local chamado Qumram. São os antepassados dos Essénios. Alguns desses Essénios separaram-se do movimento, cheios de cepticismo. E deram origem à seita dos Fariseus.
Várias foram as descobertas arqueológicas que proporcionaram o melhor entendimento das Escrituras Sagradas. Os manuscritos mais antigos que existem de trechos do Antigo Testamento datam de 850 d.C. Existem partes menores bem mais antigas como o Papiro Nash do segundo século da era cristã. Mas sem dúvida a maior descoberta ocorreu em 1947, quando um pastor beduíno, que buscava uma cabra perdida de seu rebanho, encontrou por acaso os Manuscritos do Mar Morto, na região de Jericó.
Durante nove anos vários documentos foram encontrados nas cavernas de Qumran, no Mar Morto, constituindo-se nos mais antigos fragmentos da Bíblia hebraica que se têm notícias. Escondidos ali pela tribo judaica dos essênios no Século I, nos 800 pergaminhos, escritos entre 250 a.C. a 100 d.C., aparecem comentários teológicos e descrições da vida religiosa deste povo, revelando aspectos até então considerados exclusivos do Cristianismo.
Estes documentos tiveram grande impacto na visão da Bíblia, pois fornecem espantosa confirmação da fidelidade dos textos massoréticos aos originais. O estudo da cerâmica dos jarros e a datação por carbono 14 estabelecem que os documentos foram produzidos entre 168 a.C. e 233 d.C.
Destaca-se, entre estes documentos, uma cópia quase completa do livro de Isaías, feita cerca de 100 a.C. Especialistas compararam o texto dessa cópia com o texto-padrão do Antigo Testamento hebraico (o manuscrito chamado Codex Leningradense, de 1008 d.C.) e descobriram que as diferenças entre ambos eram mínimas.
Outros manuscritos também foram encontrados neste mesmo local, como fragmentos do livro de Salmos, de um texto do profeta Samuel, textos de profetas menores, parte do livro de Levítico e um targum (paráfrase) de Jó.
Foto: Manuscrito de Salmos achado em Qumran(Mar Morto)
As descobertas arqueológicas, como a dos manuscritos do Mar Morto e outras mais recentes, continuam a fornecer novos dados aos tradutores da Bíblia. Elas têm ajudado a resolver várias questões a respeito de palavras e termos hebraicos e gregos, cujo sentido não era absolutamente claro. Antes disso, os tradutores se baseavam em manuscritos mais "novos", ou seja, em cópias produzidas em datas mais distantes da origem dos textos bíblicos. O estudo comparado dos manuscritos do Mar Morto, como ficaram conhecidas as produções literárias dos Essénios, e do Novo Testamento, estabelece a existência, não de simples coincidência, mas de uma evidente dependência directa deste, no que toca às palavras, às ideias e às próprias doutrinas.
Estes manuscritos, descobertos entre 1947 e 1956 foram, na sua maioria, escritos antes da era cristã e guardados em rolos, dentro de vasilhas de barro. Só alguns foram redigidos depois da morte de Jesus. São a relíquia religiosa mais importante depois de se ter provado que o "Santo Sudário", supostamente a mortalha do corpo de Jesus, tinha sido tecido 1300 anos depois da sua morte.
A maior parte dos manuscritos do Mar Morto foram escritos com tinta sobre pele de carneiro. Geza Vermes, um estudioso bíblico da Universidade inglesa de Oxford, considera ser "Um escândalo académico que aproximadamente 300 rolos, dos cerca de 1000 que foram descobertos, ainda não tenham sido revelados".
A língua usada nos manuscritos é o aramaico, uma língua morta. No trabalho de tradução recorre-se ao computador, que dispensa o manuseio (e a consequente deterioração) das peças originais. As dificuldades são muitas. Para se formar um rolo é preciso juntar-se grande número de fragmentos, porque as "folhas" originais estão ressequidas e partidas.
O ano originalmente combinado para a divulgação do conteúdo dos manuscritos era 1970. Depois, os israelitas prometeram a sua publicação para 1997. As justificações para esta demora são essencialmente três:
a) Conteúdo espetacular para a fé judaico-cristã, abalando eventualmente as estruturas hierárquicas religiosas. O escritor americano Edmund Wilson fundamentava esta hipótese referindo a conhecida tentativa de minimizar a importância dos manuscritos.
b) Interesse das várias universidades (israelitas, francesas, americanas e inglesas) em monopolizar o estudo destes documentos.
c) Dificuldades financeiras.
Os manuscritos foram encontrados dentro de jarros como o que vemos na foto abaixo:
Bibliografia:
Allegro, John - O Mito Cristão e os Manuscritos do Mar Morto, Lxª; Daniélou, Jean - Los Manuscritos del Mar Muerto y Las Orígenes del Cristianismo, Buenos Aires, 1959; Scholfield, Hugh - A Odisseia dos Essénios, S. Paulo 1991; Revista Veja, 6 de Setembro de 1989.
Fontes:
http://www.sbb.org.br
http://br.geocities.com/elijah11maquedes/mar.html
Rolo de Cobre
Limpeza dos manuscritos encontrados entre 1947 e 1956 nas grutas de Qumran ao sul da cidade de Jericó.
Limpeza dos manuscritos encontrados entre 1947 e 1956 nas grutas de Qumran ao sul da cidade de Jericó.
Desde o início da década de 90, cerca de cem estudiosos de todo o mundo participaram das pesquisas, sob a supervisão do Departamento de Antigüidades de Israel. O resultado deste trabalho que envolveu cerca de 900 pergaminhos está sendo apresentado em 38 volumes, dois dos quais em fase final de preparação. Entre os documentos publicados está o conteúdo do Rolo de Cobre, com a suposta localização de tesouros do Templo.
Os Manuscritos foram encontrados entre 1947 e 1956 nas grutas de Qumran, região localizada ao sul da cidade de Jericó, na margem ocidental do Mar Morto. Segundo os estudos realizados, alguns são datados de aproximadamente 250 antes da era comum e outros do ano 70 da era comum. A maioria dos textos foi escrita em hebraico e sobre pergaminhos, porém há alguns em aramaico ou grego, em papiro. Entre as principais dificuldades encontradas pelos pesquisadores, está o fato de terem sido encontrados fragmentos, principalmente, e não rolos completos.
Os primeiros sete rolos foram descobertos ao acaso por um beduíno, em 1947. Três desses foram comprados pelo arqueólogo E.L. Sukenik e quatro contrabandeados para os Estados Unidos. Foi somente em 1954 que o arqueólogo e filho de Sukenik, Yigal Yadin, conseguiu que estes últimos fossem encaminhados a Israel. Para marcar o fato, foi construído o San-tuário do Livro, um anexo do Museu de Israel, em Jerusalém, local que abriga a maioria dos fragmentos e no qual há uma exposição permanente dos Manuscritos do Mar Morto.
Entre os 900 pergaminhos reconstituídos pelos pesquisadores, cerca de 200 contêm o mais primitivo original bíblico conhecido, enquanto os demais incluem orações, rituais e regras provavelmente dos essênios, uma comunidade judaica isolada e austera que viveu em Qumran.
Um rolo, em especial, chamou a atenção dos pesquisadores. Diferentemente dos demais, que narram estilo de vida, hábitos e costumes dos essênios, este, além de conter textos literários, traz a suposta localização de tesouros enterrados há séculos.
Para alguns especula-dores, seriam tesouros do Segundo Templo, escondidos antes da sua destruição, no ano 70 da era comum. Para outros, seria o patrimônio acumulado pelos essênios, comunidade que fizera um voto de pobreza. De qualquer maneira, independentemente das teorias, segundo o conteúdo do Rolo de Cobre, foram escondidas mais de 200 toneladas de ouro e prata, que estariam à disposição de quem conseguir encontrá-las. Pois, como disse um arqueólogo israelense, ao se decifrar o Rolo de Cobre, o mesmo se tornou acessível a qualquer criança que saiba ler.
O Rolo de Cobre foi restaurado no Laboratório Valectra, unidade nuclear de Pesquisa e Desenvolvimento da estatal Electricité de France. Foi descoberto em 20 de março de 1952, em duas partes, na caverna de número três, próximo a Qumram, por Henri de Contenson, da Escola Dominicana de Arqueologia Bíblica de Jerusalém (EBAJ). A presença de rebites nas duas partes encontradas comprovou a teoria de que compunham um único documento, com 240 centímetros de largura e 30 de altura. Decifrá-lo, no entanto, revelou-se difícil por causa da oxidação do metal, que impossibilitou desenrolá-lo.
Em 1955, diante da falta de recursos, na Jordânia, para dar continuidade às pesquisas, o Rolo de Cobre foi enviado à Universidade de Manchester, Inglaterra, aos cuidados do professor H. Wright-Baker. A metodologia adotada implicou no corte do objeto em 23 peças, para limpeza, fotografias e decifração. A divulgação do conteúdo do Rolo de Cobre foi feita em etapas, a partir de 1956, pelo padre Joseph T. Milk, da EBAJ, responsável pela versão completa do texto, de 1962, com uma lista de 64 locais onde teriam sido escondidos os tesouros.
Nada no conteúdo decifrado, no entanto, responde a duas perguntas cruciais: de onde vieram os tesouros e qual a sua origem? Não existe consenso nas respostas. Durante um simpósio internacional realizado em setembro de 1996, no Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade de Manchester, uma pesquisa informal revelou que a maioria dos 50 participantes acreditava no conteúdo do Rolo de Cobre, divergindo, no entanto, sobre a quem teriam pertencido: ao Segundo Templo ou aos essênios.
Desde o início, instalou-se a polêmica. Segundo o professor Norman Golb, da Universidade de Chicago, o Rolo de Cobre é, sem sombra de dúvida, um dos textos individuais mais importantes já encontrados nas cavernas de Qumran, não apenas pelo seu conteúdo, mas também pelo material no qual foi produzido. É o único em cobre, fato que para alguns pesquisadores indica que os tesouros nele mencionados são reais.
Para o padre Roland de Vaux, fundador e diretor da EBAJ, apesar de o Rolo de Cobre ser compro-vadamente um documento escrito na Antigüidade, seu conteúdo é totalmente imaginário. "É uma alegoria, fantasia de uma mente desequilibrada", enfatizou já em 1956. Segundo o arqueólogo Jean Perrot, do Centro Nacional para Pesquisa Científica, da França, esta opinião de De Vaux, em 1956, se deveria ao receio de dar início à uma desenfreada onda de escavações clandestinas. Em 1964, durante um seminário, De Vaux afirmou: "Se considerarmos verdadeiras todas as informações do Rolo de Cobre, será um convite aos caçadores de tesouro para que venham às cavernas de Qumran e destruam todas as pesquisas arqueológicas que deve-riam ser feitas de maneira adequada".
Outras teorias
No início da década de 1990 surgiram novas interpretações sobre o Rolo de Cobre, uma delas apresentada pelo professor P. K. McCarter, da John Hopkins University, em Baltimore. Segundo o acadêmico, o documento menciona um dos esconderijos, citando tex-tualmente a "Casa de Hakoz". Hakoz é o nome de uma família de sacerdotes que aparece diversas vezes na Bíblia desde o período do rei David até o dos Hasmoneus, quando Judá Macabeu enviou a Roma, como embaixador, um integrante deste clã.
McCarter explicou que, segundo as evidências, os Hakoz viviam em Jericó e eram tradicionalmente os tesoureiros do Templo de Jerusalém. Logo após o início do cerco à cidade, os judeus teriam coletado o dízimo e outras doações, entregando-as ao tesoureiro, que as teria guardado, registrando os locais no Rolo de Cobre, que também teria sido escondido logo após a destruição do Templo.
O Padre Emile Puech, epigrafista que participou dos trabalhos realizados na França, acredita que os tesouros teriam pertencido aos essênios e explica por quê: "Depois de dois séculos vivendo à parte das demais comunidades judaicas, porém continuando a recolher os dízimos e outras contribuições, os essênios teriam acumulado riqueza significativa também em suas al-deias. Não é possível, no entanto, avaliar a extensão desta riqueza, pois não se tem idéia hoje do valor da moeda corrente à época".
Puech crê, também, que os tesouros teriam sido enterrados antes do cerco de Jerusalém, por volta do ano 68 da era comum, por diversos grupos de essênios, ao redor de Qumran e Jericó - seus centros principais - além das proximidades de Jerusalém, ou entre as duas localidades, no Vale de Kidron. Ele mencionou ainda três locais que, em sua opinião, estariam na Samaria.
São citados, ainda, esconderijos na aldeia de Doq, antiga vila situada próxima à Igreja da Tentação, perto de Jericó; em sete pontos no aqueduto de Sekhakhah, antigo nome de Qumram; e perto dos estábulos do rei Salomão.
Depois de receberem o tratamento adequado, os 23 fragmentos do Rolo de Cobre foram encaminhados ao Museu Nacional de Amã. A oxidação e o risco de destruição dos documentos fizeram com que, em 1993, fossem enviados à França, ao Laboratório Valectra, onde passaram por um processo de limpeza. Cada um foi envolvido em um material transparente.
A utilização de um escaner digital permitiu a recriação dos fragmentos em telas de computadores. Foram feitos negativos em silicone, transformados, então, em moldes em positivo, permitindo assim a reprodução dos 23 segmentos, além de uma versão em CD-ROM, que foi distribuída aos professores e acadêmicos presentes ao encontro de Manchester, em 1996.
"Um dos aspectos positivos da integração dos recursos modernos de reprodução é justamente o fato de que, atualmente, qualquer museu pode ter uma cópia exata do Rolo de Cobre e realizar suas pesquisas, sempre em busca de respostas que ajudem a desvendar seus mistérios". Mistérios estes que despertam não apenas a imaginação dos estudiosos, mas também de escritores, como o norte-americano Noah Gordon que, em seu romance O diamante de Jerusalém, usa como pano de fundo o suposto conteúdo do Rolo de Cobre para tecer uma trama sobre o desaparecimento de uma pedra preciosa do Vaticano, que poderia ser um dos tesouros mencionados no documento encontrado em Qumran. Assim como os cientistas, em sua obra, Gordon deixa o leitor concluir se o diamante perdido seria ou não um dos tesouros do Templo escondidos antes da sua destruição.
Os Manuscritos foram encontrados entre 1947 e 1956 nas grutas de Qumran, região localizada ao sul da cidade de Jericó, na margem ocidental do Mar Morto. Segundo os estudos realizados, alguns são datados de aproximadamente 250 antes da era comum e outros do ano 70 da era comum. A maioria dos textos foi escrita em hebraico e sobre pergaminhos, porém há alguns em aramaico ou grego, em papiro. Entre as principais dificuldades encontradas pelos pesquisadores, está o fato de terem sido encontrados fragmentos, principalmente, e não rolos completos.
Os primeiros sete rolos foram descobertos ao acaso por um beduíno, em 1947. Três desses foram comprados pelo arqueólogo E.L. Sukenik e quatro contrabandeados para os Estados Unidos. Foi somente em 1954 que o arqueólogo e filho de Sukenik, Yigal Yadin, conseguiu que estes últimos fossem encaminhados a Israel. Para marcar o fato, foi construído o San-tuário do Livro, um anexo do Museu de Israel, em Jerusalém, local que abriga a maioria dos fragmentos e no qual há uma exposição permanente dos Manuscritos do Mar Morto.
Entre os 900 pergaminhos reconstituídos pelos pesquisadores, cerca de 200 contêm o mais primitivo original bíblico conhecido, enquanto os demais incluem orações, rituais e regras provavelmente dos essênios, uma comunidade judaica isolada e austera que viveu em Qumran.
Um rolo, em especial, chamou a atenção dos pesquisadores. Diferentemente dos demais, que narram estilo de vida, hábitos e costumes dos essênios, este, além de conter textos literários, traz a suposta localização de tesouros enterrados há séculos.
Para alguns especula-dores, seriam tesouros do Segundo Templo, escondidos antes da sua destruição, no ano 70 da era comum. Para outros, seria o patrimônio acumulado pelos essênios, comunidade que fizera um voto de pobreza. De qualquer maneira, independentemente das teorias, segundo o conteúdo do Rolo de Cobre, foram escondidas mais de 200 toneladas de ouro e prata, que estariam à disposição de quem conseguir encontrá-las. Pois, como disse um arqueólogo israelense, ao se decifrar o Rolo de Cobre, o mesmo se tornou acessível a qualquer criança que saiba ler.
O Rolo de Cobre foi restaurado no Laboratório Valectra, unidade nuclear de Pesquisa e Desenvolvimento da estatal Electricité de France. Foi descoberto em 20 de março de 1952, em duas partes, na caverna de número três, próximo a Qumram, por Henri de Contenson, da Escola Dominicana de Arqueologia Bíblica de Jerusalém (EBAJ). A presença de rebites nas duas partes encontradas comprovou a teoria de que compunham um único documento, com 240 centímetros de largura e 30 de altura. Decifrá-lo, no entanto, revelou-se difícil por causa da oxidação do metal, que impossibilitou desenrolá-lo.
Em 1955, diante da falta de recursos, na Jordânia, para dar continuidade às pesquisas, o Rolo de Cobre foi enviado à Universidade de Manchester, Inglaterra, aos cuidados do professor H. Wright-Baker. A metodologia adotada implicou no corte do objeto em 23 peças, para limpeza, fotografias e decifração. A divulgação do conteúdo do Rolo de Cobre foi feita em etapas, a partir de 1956, pelo padre Joseph T. Milk, da EBAJ, responsável pela versão completa do texto, de 1962, com uma lista de 64 locais onde teriam sido escondidos os tesouros.
Nada no conteúdo decifrado, no entanto, responde a duas perguntas cruciais: de onde vieram os tesouros e qual a sua origem? Não existe consenso nas respostas. Durante um simpósio internacional realizado em setembro de 1996, no Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade de Manchester, uma pesquisa informal revelou que a maioria dos 50 participantes acreditava no conteúdo do Rolo de Cobre, divergindo, no entanto, sobre a quem teriam pertencido: ao Segundo Templo ou aos essênios.
Desde o início, instalou-se a polêmica. Segundo o professor Norman Golb, da Universidade de Chicago, o Rolo de Cobre é, sem sombra de dúvida, um dos textos individuais mais importantes já encontrados nas cavernas de Qumran, não apenas pelo seu conteúdo, mas também pelo material no qual foi produzido. É o único em cobre, fato que para alguns pesquisadores indica que os tesouros nele mencionados são reais.
Para o padre Roland de Vaux, fundador e diretor da EBAJ, apesar de o Rolo de Cobre ser compro-vadamente um documento escrito na Antigüidade, seu conteúdo é totalmente imaginário. "É uma alegoria, fantasia de uma mente desequilibrada", enfatizou já em 1956. Segundo o arqueólogo Jean Perrot, do Centro Nacional para Pesquisa Científica, da França, esta opinião de De Vaux, em 1956, se deveria ao receio de dar início à uma desenfreada onda de escavações clandestinas. Em 1964, durante um seminário, De Vaux afirmou: "Se considerarmos verdadeiras todas as informações do Rolo de Cobre, será um convite aos caçadores de tesouro para que venham às cavernas de Qumran e destruam todas as pesquisas arqueológicas que deve-riam ser feitas de maneira adequada".
Outras teorias
No início da década de 1990 surgiram novas interpretações sobre o Rolo de Cobre, uma delas apresentada pelo professor P. K. McCarter, da John Hopkins University, em Baltimore. Segundo o acadêmico, o documento menciona um dos esconderijos, citando tex-tualmente a "Casa de Hakoz". Hakoz é o nome de uma família de sacerdotes que aparece diversas vezes na Bíblia desde o período do rei David até o dos Hasmoneus, quando Judá Macabeu enviou a Roma, como embaixador, um integrante deste clã.
McCarter explicou que, segundo as evidências, os Hakoz viviam em Jericó e eram tradicionalmente os tesoureiros do Templo de Jerusalém. Logo após o início do cerco à cidade, os judeus teriam coletado o dízimo e outras doações, entregando-as ao tesoureiro, que as teria guardado, registrando os locais no Rolo de Cobre, que também teria sido escondido logo após a destruição do Templo.
O Padre Emile Puech, epigrafista que participou dos trabalhos realizados na França, acredita que os tesouros teriam pertencido aos essênios e explica por quê: "Depois de dois séculos vivendo à parte das demais comunidades judaicas, porém continuando a recolher os dízimos e outras contribuições, os essênios teriam acumulado riqueza significativa também em suas al-deias. Não é possível, no entanto, avaliar a extensão desta riqueza, pois não se tem idéia hoje do valor da moeda corrente à época".
Puech crê, também, que os tesouros teriam sido enterrados antes do cerco de Jerusalém, por volta do ano 68 da era comum, por diversos grupos de essênios, ao redor de Qumran e Jericó - seus centros principais - além das proximidades de Jerusalém, ou entre as duas localidades, no Vale de Kidron. Ele mencionou ainda três locais que, em sua opinião, estariam na Samaria.
São citados, ainda, esconderijos na aldeia de Doq, antiga vila situada próxima à Igreja da Tentação, perto de Jericó; em sete pontos no aqueduto de Sekhakhah, antigo nome de Qumram; e perto dos estábulos do rei Salomão.
Depois de receberem o tratamento adequado, os 23 fragmentos do Rolo de Cobre foram encaminhados ao Museu Nacional de Amã. A oxidação e o risco de destruição dos documentos fizeram com que, em 1993, fossem enviados à França, ao Laboratório Valectra, onde passaram por um processo de limpeza. Cada um foi envolvido em um material transparente.
A utilização de um escaner digital permitiu a recriação dos fragmentos em telas de computadores. Foram feitos negativos em silicone, transformados, então, em moldes em positivo, permitindo assim a reprodução dos 23 segmentos, além de uma versão em CD-ROM, que foi distribuída aos professores e acadêmicos presentes ao encontro de Manchester, em 1996.
"Um dos aspectos positivos da integração dos recursos modernos de reprodução é justamente o fato de que, atualmente, qualquer museu pode ter uma cópia exata do Rolo de Cobre e realizar suas pesquisas, sempre em busca de respostas que ajudem a desvendar seus mistérios". Mistérios estes que despertam não apenas a imaginação dos estudiosos, mas também de escritores, como o norte-americano Noah Gordon que, em seu romance O diamante de Jerusalém, usa como pano de fundo o suposto conteúdo do Rolo de Cobre para tecer uma trama sobre o desaparecimento de uma pedra preciosa do Vaticano, que poderia ser um dos tesouros mencionados no documento encontrado em Qumran. Assim como os cientistas, em sua obra, Gordon deixa o leitor concluir se o diamante perdido seria ou não um dos tesouros do Templo escondidos antes da sua destruição.
Fonte: www.morasha.co
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