Questão сigana agita a Europa
Segundo a Amnistia Internacional, muitos dos 10-12 milhões de ciganos que vivem na Europa enfrentam “diariamente a ameaça da expulsão forçada, de perseguições da parte da polícia e de ataques”. “Em vez de reconhecer que a situação é um resultado do seu fracasso de garantir aos ciganos o respeito pelos direitos do homem, alguns dirigentes europeus preferem acusar os próprios ciganos de incapacidade de integração”, lê-se no relatório da organização de defesa de direitos humanos”.
Uma espécie de resposta a essa declaração foi o artigo no jornal sueco Dagens Nyheter, onde se escreve que a esmagadora maioria dos pedintes nas ruas das cidades suecas são ciganos romenos. Isto enquanto os mais importantes países europeus prestam à Romênia ajuda financeira para reduzir a emigração dos ciganos locais para o Ocidente. Bucareste recebeu milhares de milhões, mas apenas uma ínfima parte foi gasta no melhoramento das condições da população cigana do país.
A propósito, isso diz respeito não só à Romênia, mas também à Hungria, Eslováquia e uma série de outros países da Europa do Leste, que, segundo alguns políticos europeus ocidentais, simplesmente atiraram o fardo da responsabilidade pelos próprios ciganos para cima dos vizinhos abastados da União Europeia.
É necessário assinalar que, nos últimos anos, a opinião pública da Europa Ocidental se desvia cada vez mais para a direita. E a política vai atrás da sociologia. Por exemplo, Manuel Vals, novo primeiro-ministro de França, que segue o princípio de que “não se deve perder a ligação com a realidade”, é conhecido pela sua posição irredutível face aos nómadas ciganos da Europa Oriental.
Parece que a atitude hostil para com os ciganos tem um motivo bem real, considera Pavel Kandel, analista político, candidato em ciências históricas, dirigente do Centro de Conflitos Etnopolíticos e Interestatais do Instituto da Europa da Academia de Ciências da Rússia.
"A causa da atitude hostil consiste, principalmente, em que eles, na sua maioria, não trabalham e não querem trabalhar. Ao aderirem à UE países da Europa de Leste como a Hungria, Romênia, Eslováquia, onde vive a maioria dos ciganos europeus, surgiu para estes a possibilidade de livre circulação, podem ir para onde o nível de vida é mais alto, para onde existe um sistema ramificado de subsídios sociais. Mas mesmo que não gozem deles, os ciganos têm, nos países europeus ricos, possibilidades significativas maiores de elevar o seu próprio nível de vida com a ajuda dos seus meios tradicionais. Daí a sua emigração em massa para o Ocidente. Daí também a reação dura da população e das autoridades do Ocidente. Porque tem lugar o confronto de dois modos de vida que pouco têm de comum".
À primeira vista, parece estranho que seja precisamente na Europa, conhecida pela sua tolerância e apego ao respeito pelos direitos humanos, que a questão cigana adquiriu uma agudeza inédita. Pelos vistos, a questão é que a pressão das correntes migratórias na infraestrutura e no tecido social da sociedade europeia, as possibilidades abertas e as ameaças surgidas estão entre os problemas mais complexos que a União Europeia enfrenta.
Nadezhda Demetr, historiadora, funcionária do Centro de Estudos Europeus e Americanos do Instituto de Etnologia e Antropologia da Academia das Ciências da Rússia, dirigente da Autonomia Nacional e Cultural Federal dos Ciganos, afirma:
“O problema é que, em todos os países outrora pertencentes ao campo soviético, os ciganos talvez não vivessem muito bem, mas tinham mais ou menos dignidade. Os ciganos receberam com entusiasmo as mudanças geopolíticas. Mas a situação virou-se contra eles. Porque os ciganos são, na sua maioria (cerca de 80%) analfabetos e não conseguem encontrar um lugar no novo mundo. Os ciganos foram expulsos para o submundo social e são completamente marginalizados.
O dia 8 de abril foi o Dia Internacional dos Ciganos. Em Bruxelas foi realizada uma cimeira especial dedicada à questão cigana. É curioso assinalar que praticamente não havia ciganos entre os 30 oradores. Eles não ouvem os próprios ciganos”.
Pelos vistos, a questão cigana não tem uma solução rápida e, simultaneamente civilizada. São necessários grandes esforços para que a Europa a vários níveis se torne uniforme do ponto de vista do desenvolvimento socioeconômico, tenha uma política bem pensada e justa em relação a todas as etnias que vivem nos seus territórios e para que a mentalidade da sociedade europeia seja capaz de compreensão mútua e de conseguir compromissos razoáveis.
http://portuguese.ruvr.ru/2014_04_13/Questao-sigana-agita-a-Europa-6188/
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