domingo, 8 de janeiro de 2012

Quase cristais

Quase-cristais naturais podem ter origem extra-terrestre

Investigadores analisaram os primeiros quase-cristais encontrados na natureza

2012-01-03
edu dallarte



EDU DALLARTE

Luca Bindi, Valery Kryachko e Paul J. Steinhardt estiveram envolvidos na descoberta
dos quase-cristais naturais
Luca Bindi, Valery Kryachko e Paul J. Steinhardt estiveram envolvidos na descoberta dos quase-cristais naturais
Uma investigação sobre os quase-cristais encontrados nas montanhas Koryak, na Rússia, sugere que este fragmentos de rocha podem ter origem extra-terrestre. O estudo, publicado na «Proceedings of the National Academy of Sciences», diz que o quasi-cristal poderá ter sido formado há 4,5 mil milhões de anos, no início da formação do Sistema Solar. O estudo tinha sido já apresentado na 42ª Conferência de Ciências lunar e planetária, que decorreu no Texas.
Os quase-cristais são um material cujos átomos se ordenam de forma assimétrica. A sua descoberta valeu o Nobel da Física de 2011 ao cientista israelita Daniel Shechtman. O grupo de investigadores norte-americanos e italianos, dirigido por Luca Bindi e Nan Yao, estudou em pormenor  um dos poucos quasi-cristais naturais encontrados até agora.
Em 1982, Shechtman arrefeceu rapidamente uma mistura de alumínio e manganês e, por observação microscópica, viu círculos concêntricos, cada um formado por dez pontos a igual distância uns dos outros.
Constatou que estes átomos se dispunham numa nova estrutura química em forma de mosaico – os quase-cristais – que não se repetia, contrariamente à teoria inicial de que o empacotamento dos átomos num cristal obedecia a padrões de simetria.
O anúncio desta descoberta fez com que o investigador fosse fortemente criticado. Em 2009, outra equipa confirmou o achado do investigador israelita ao apresentar os primeiros quase-cristais encontrados na natureza, em rochas recolhidas em 1979 nas montanhas siberianas Koryak, no extremo nordeste de Rússia.
Uma das amostras está no Mining Institute, em São Petersburgo. Outra, da mesma rocha, está no Museu de História Natural de Florença, e foi agora analisada pelas equipas da Universidade de Princeton e de Florença.
Os átomos de oxigénio da amostra apresentam variações nunca vistas na Terra, mas já encontradas em condritos carbonáceos, um tipo de meteorito. Especialistas dizem que esses quase-cristais, idênticos em composição aos descritos por Shechtman, foram formados no início do Sistema Solar, há 4,5 mil milhões de anos e vieram para a Terra num meteorito.
Artigo apresentado na 42ª Conferência de Ciências lunar e planetária:Oxygen isotope evidence for the extra-terrestrial origin of the first natural quasicrystal

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